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Acolhimento emocional é ‘remédio’ eficaz no tratamento contra câncer

26 de junho, 2019
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Bem estar. Receber o diagnóstico de um câncer é, sem dúvida, um dos momentos mais difíceis na vida de qualquer pessoa. Nessas horas, por mais informado que o paciente esteja, alguns medos sempre vêm à tona, entre eles o temor da morte, além do receio sobre como o corpo vai reagir ao tratamento.

Devido a todo esse turbilhão de emoções, a depressão pode se tornar um gatilho, conforme constata um estudo do Observatório de Oncologia, publicado recentemente. Segundo o órgão, a chance de um paciente com câncer desenvolver a doença, considerada uma das mais incapacitantes do mundo moderno, varia de 22 a 29%. Diante disso, além do atendimento clínico, o acolhimento emocional é extremamente importante nesta fase.

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De acordo com Adriane Pedrosa, psico-oncologista do Cetus Oncologia, [hospital-dia especializado em tratamento oncológico, com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem], a melhor forma de acolher emocionalmente um paciente oncológico, é respeitá-lo em suas individualidades.

“Muitas famílias, por temerem perder o ente querido, o envolvem em um excesso de zelo, que pode ser sufocante. Às vezes, apenas um abraço é infinitamente melhor”, explica Adriane. “Quando você o abraça, instintivamente está dizendo que o conhece, respeita e se mostra disponível”, completa.

Embora o tratamento clínico seja a única forma comprovada pela ciência de curar um câncer, Adriane é taxativa ao ressaltar a ajuda emocional como combustível para fortalecer o paciente na caminhada de enfrentamento à doença.

“Todos nós temos um centro de emoções no cérebro capaz de armazenar os diversos estímulos, positivos ou negativos, recebidos diariamente. À medida em que nos sentimos verdadeiramente acolhidos, a tendência é que os estímulos positivos se acentuem. Com isso, o nosso senso de afetividade e gratidão começa a se desenvolver”, explica a especialista.

Uma vez que a saúde emocional se equilibra e o paciente se posiciona de forma mais otimista diante do adoecimento, o tratamento clínico acaba sendo beneficiado, em uma espécie de ‘efeito dominó do bem’. “Os remédios podem, inclusive, agir com mais assertividade no organismo e, até mesmo causarem menos efeitos colaterais”, ressalta.

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Adriane afirma ainda que pacientes com famílias acolhedoras tendem não só a responderem melhor ao tratamento como também aumentarem as chances de sobrevida. “Quem não tem esse acolhimento no seio familiar deve buscar uma rede de apoio”, enfatiza.

No Cetus Oncologia, hospital-dia onde Pedrosa trabalha, há, por exemplo, um serviço interdisciplinar, formado pelos setores de psicologia e serviço social, que atuam para amparar a pessoa com câncer e oferecer recursos com o intuito de auxiliá-la no enfrentamento à doença.

Uma das iniciativas desenvolvidas há nove meses pela psico-oncologista na unidade de saúde é o projeto “Acolhendo a Dor com Amor”, cujo objetivo é assistir os pacientes para além dos cuidados clínicos, empoderá-los de forma que possam lidar melhor com o adoecimento e fazer com que enxerguem o problema sob uma perspectiva mais resiliente e otimista.

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“Se ele [o paciente], precisa, por exemplo, de arrumar os cabelos para se sentir mais bonito, mas não tem dinheiro para ir ao salão, eu e os voluntários que participam comigo neste projeto nos mobilizamos e oferecemos ajuda financeira.  Também fazemos encontros motivacionais e terapias holísticas”, explica acrescentando que a forma como se dará a ação vai depender da demanda do paciente.

“Uma vez mapeada a carência [do paciente], tentaremos atendê-lo no que ele realmente precisa e, quem sabe, transformar aquilo que é sofrido e doloroso em amor. Se o emocional dessas pessoas for negligenciado neste momento de extrema fragilidade, o corpo infelizmente sucumbe. Como já diz o ditado: mente sã, corpo são”, finaliza.

Foto: Divulgação


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