Artigo. Olá, tudo bem? Sou o Bernardo. Representante da quarta geração de uma família de arquitetos. Uma história que começou lá na Hungria e que comigo tornou-se legitimamente mineira. Sou belo-horizontino e há três décadas realizo projetos de arquitetura e urbanismo para todo o Brasil, mas sobretudo para Belo Horizonte. Uma experiência que hoje me permite conhecer a fundo a identidade de BH e ter um olhar apurado sobre a nossa cidade, seja sobre seus problemas como também sobre seus enormes potenciais. E é esse olhar que, a partir desta coluna, vou dividir com vocês.
O desenvolvimento urbano sofre uma modernização contínua, seja ela natural ou acelerada por processos e exigências socioeconômicas. E a história de uma cidade, queiramos ou não, é um processo que não para. Logicamente é preocupante vermos a velocidade com que antigos edifícios podem dar lugar a novas construções. Daí a imensa importância na identificação e preservação de exemplares ou conjuntos arquitetônicos que permitam a essa cidade, neste crescer inevitável, não perder fragmentos que compõem a sua identidade.
Claro, identidade essa que, inegavelmente, está sempre em evolução, definida continuamente pelo que já foi feito e gerou usos, memórias e costumes, como também pelos novos elementos que a ela se agregam, frutos de novos estilos de vida, de necessidades urbanas e sociais antes inexistentes, mas que agora se apresentam através de diferentes – e cada vez mais múltiplos – jeitos de ver, sentir e viver o espaço urbano.
Quando se pensa em uma cidade como Belo Horizonte ou qualquer outra, arquitetônica e urbanisticamente falando, são inúmeros os verbos a serem colocados em prática: resgatar, preservar, revisitar, inovar, reinventar. Todos eles devem coexistir, para que a cidade seja aquilo que deve ser: um espaço para todos, onde todos possam se identificar, criar vínculos e rotinas, reviver e presenciar a história já estabelecida, bem como criar novas memórias e histórias naquele contexto que muda e se transforma.
A riqueza de múltiplas propostas e estilos arquitetônicos, a identificação com o ambiente e seus usos, bem como a extrapolação e reinvenção dos usos existentes, levam-nos à compreensão de que não podemos desejar que uma cidade permaneça aquilo que foi ou o que é. Podemos sim pensá-la como um espaço em melhoria, que agrega harmonicamente tudo aquilo que ela se tornou a tudo aquilo que é capaz de se tornar.
Texto: Bernardo Farkasvölgyi – [email protected]
Foto: Glauco Lúcio
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