Tradição. Arte e diversão estão no DNA do bairro, que continua na vanguarda quando o assunto é cultura
Não é de hoje que a Savassi é conhecida como um verdadeiro polo cultural da cidade. Essa característica já era marcante desde o tempo da construção de Belo Horizonte. Historicamente, esse fato pode ser explicado pelo fato de os funcionários públicos recém-chegados à nova capital terem se instalado na região próxima aos edifícios governamentais, erguidos na Praça da Liberdade.
Segundo o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi – Amas, Nelson Galizzi, “era aqui (na Savassi) que tinha cultura”.
Talvez o maior ícone cultural do passado da Savassi seja o Cine Pathé. Inaugurado em 1948, o cinema exibia os grandes sucessos de Hollywood com muito conforto e tecnologia – para a época. Eram ao todo mil lugares e a tela luminosa Westrec era uma das melhores daquele tempo.
O nome Pathé, segundo conta Maurílio Assis em sua dissertação sobre “A trajetória das salas de cinema de Belo Horizonte”, foi uma homenagem a um grande empresário do cinema, o francês Charles Pathé. A abertura da sala, de propriedade da empresa Cinema S.A., que já possuía vários cinemas na capital, veio para atender o público do bairro, que estava se desenvolvendo rapidamente.
Antes de completar dez anos, em 1956, o Cine Pathé foi reformado, recebendo assentos e estofados novos, além de sistema de ar-condicionado. O número de frequentadores, que já era alto, ficou ainda maior depois das melhorias em termos de conforto e – por que não dizer – luxo.
Após muitos anos de glória, em 18 de abril de 1999, o Cine Pathé encerrou suas atividades. Sua fachada – com características da arquitetura art déco – foi tombada pelo Patrimônio Histórico, porém, do restante da estrutura, nada ficou.
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Dando um salto temporal de 20 anos, pode-se perceber que a cultura ainda permeia as ruas da Savassi, mesmo com o declínio dos cinemas de rua. São diversas atrações que agradam todos os gostos, desde os amantes da arte até os apreciadores da leitura.
Essa característica, segundo Galizzi, é muito benéfica, afinal, “é através da cultura que nós vamos mudar tudo”, acredita. Por isso, a Amas vem trabalhando para desenvolver ações que transformem a região, buscando gerar uma verdadeira “cidadania iluminada”.
Atualmente, para os amantes de arte, há inúmeras galerias expondo obras dos mais talentosos artistas e promovendo eventos que movimentam a cena artística do bairro. A Praça da Liberdade, por exemplo, apresenta uma variada gama de entretenimento para quem gosta do assunto. Trata-se do Circuito Liberdade.
Em 2010, a Praça foi transformada em um complexo cultural, após a transferência oficial do Governo para a Cidade Administrativa. Assim, a proposta de reunir espaços culturais diversos a partir de parcerias públicas e privadas se concretizou.
Hoje, o Circuito Liberdade é composto por 15 instituições, entre museus, centros de cultura e de formação. Dentre os equipamentos culturais em funcionamento, oito são geridos diretamente pelo Governo do Estado e os demais funcionam por meio de parcerias público-privadas ou com instituições públicas federais.
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Outros tipos de arte também se fazem presente na Savassi. Durante todo o ano, as ruas do bairro se transformam em palco para atrações divertidas que reúnem a família toda. No Carnaval, é a vez dos blocos dos mais variados gêneros brilharem. Este ano, por exemplo, enquanto o Levada Loka agitou a Avenida Getúlio Vargas com os hits do axé dos anos 1990, o Putz Grilla levantou a galera na Rua Professor Moraes com os clássicos do rock brasileiro. Tudo no mesmo dia, atraindo, somados, um público estimado de 60 mil pessoas, segundo a Belotur.
No segundo semestre, os apreciadores de jazz já podem anotar na agenda a data do tradicional Savassi Festival: 5 a 8 de agosto. Prometendo muita música e atrações inclusive para crianças, o evento é realizado pelo Café com Letras e pelo Instituto Cidades Criativas. A programação promete ocupar os espaços Centro Cultural do Banco do Brasil – CCBB-BH, Pátio Savassi, Teatro Minas Tênis Clube, Café com Letras Savassi, além de um palco de rua e vários restaurantes e bares da região. Vale conferir!
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