Bate papo. O profissional Agnaldo Lopes, professor titular da UFMG, assume a entidade, referência em saúde feminina.
Um médico mineiro será presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) pela primeira vez. O ginecologista oncológico Agnaldo Lopes assume a missão de qualificar o relacionamento médico-paciente, durante o mandato de 2020-2023.
Ele afirma que a rotina de hábitos saudáveis como consultas, alimentação balanceada e os exames regulares são essenciais para garantir uma adequada prevenção a doenças com diagnóstico precoce.
O JORNAL DA CIDADE BH conversou com exclusividade com o Dr. Agnaldo Lopes sobre o novo cargo, os desafios e os avanços na ginecologia para os próximos anos. Ex-presidente da Sogimig (Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), tem grande experiência em medicina com ênfase em cirurgia pélvica feminina, atuando nas áreas de ginecologia oncológica e cirurgia robótica e videolaparoscópica.
JORNAL DA CIDADE – Como é ser o primeiro médico mineiro a assumir o cargo de presidente da Febrasgo?
A conquista é decorrente do reconhecimento dos esforços médicos alcançados em ginecologia e obstetrícia em Minas Gerais, ao longo dos 60 anos da Febrasgo. Também é uma responsabilidade, sendo preciso reunir instituições e associar esforços para que as mulheres tenham uma assistência integral e humanizada, sendo atuantes no processo de decisão sobre a própria saúde.
Quais serão as principais ações à frente da entidade?
O relacionamento entre paciente-médico deve se consolidar sempre dentro da confiança. A nova gestão fortalecerá os vínculos para que elas tenham cada vez mais saúde e qualidade de vida.
O acesso à informação confiável e a adoção de medidas para qualificar os dados são uma das propostas. Cada vez mais, os brasileiros recorrem à internet para questões relacionadas à saúde. Cabe a Febrasgo divulgar conhecimento em ginecologia e obstetrícia para qualificar a atenção à saúde feminina e ajudar os órgãos competentes na fiscalização de Fake News.
A Febrasgo também trabalhará para promover o aperfeiçoamento técnico e científico no exercício da profissão.
Quais são os principais desafios na ginecologia?
Um dos grandes dilemas da área é que cerca de 12% das brasileiras não costumam ir ou nunca foram ao ginecologista, conforme levantamento da própria Febrasgo. Um dos motivos do crescimento nacional de câncer de colo de útero, por exemplo, é porque mais da metade delas (52%) não faz exame ginecológico preventivo. A gravidez não planejada é outro problema de saúde pública. A estimativa é que 55% das gravidezes não são planejadas e a metade dos casos resulta em aborto. Muitas doenças, como HPV, endometriose e câncer, seriam evitadas ou diagnosticadas no início com a manutenção de uma rotina regular de consulta médica. A conscientização sobre a importância de ir ao ginecologista, fazer os exames, usar métodos contraceptivos e preservativos já é um começo para proporcionar uma melhor qualidade de vida.
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O câncer ginecológico é uma doença que tem preocupado muitas mulheres…
Sim, é verdade. O câncer ginecológico requer cada vez mais atenção, inclusive de especialistas. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontaram 16.370 novos casos de câncer de colo de útero, 6.600 de corpo do útero e 6.150 de ovário, no ano passado. Um simples exame Papanicolau detecta o tumor de colo de útero em fase inicial. É muito importante atenção com o corpo, fazer os exames e manter um acompanhamento médico regular.
A tecnologia tem sido uma grande aliada nos tratamentos da oncologia ginecológica?
Realmente. A modernização da robótica e de tratamentos quimioterápicos apresentam resultados no aumento da expectativa de vida. O robô Da Vinci XI – primeiro de Minas Gerais e segundo do Brasil – é um diferencial para a cirurgia oncológica, sendo possível identificar tumores em tempo real com uma tecnologia de infravermelho. A quimioterapia hipertérmica intraperitoneal (HIPEC) é outro avanço com o medicamento sendo aplicado no local, logo após a retirada do tumor, aumentando a sobrevida.
É verdade que podemos em breve ter a 1ª geração livre de câncer de colo de útero?
A vacinação contra o HPV pode erradicar o câncer de colo de útero, conforme já comprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A intenção é conseguir esse feito até 2030. A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), desde 2014. O processo requer duas doses para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14. A cobertura vacinal está bem abaixo dos 80% recomendados, uma vez que mais de 9,2 milhões de adolescentes ainda precisam ser vacinados com a 1º e a 2º dose em todo o país.
O que as mulheres devem fazer para garantir mais saúde e qualidade de vida?
A prevenção é o melhor remédio e alguns cuidados podem contribuir para uma vida mais saudável, como manter a vacinação em dia, evitar doenças sexualmente transmissíveis (DST) usando preservativos, utilizar métodos contraceptivos, praticar atividade física, ter alimentação adequada, fazer os exames de rotina e manter um controle médico.
Foto: Divulgação
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