Jornal da Cidade BH | Notícia boa também dá audiência!

A pandemia e nossa relação com a comida

17 de julho, 2020
Por: Jornal da Cidade BH
Foto: Marcus Santiago
Jornal da Cidade BH Notícia boa também dá audiência!

Entrevista/Ruth Egg. Em tempos de pandemia, tudo mudou. As relações de trabalho, sociais e de consumo estão têm ganhado novo significado. As incertezas com o futuro, muitas vezes, têm trazido ansiedade e, porque não dizer, um certo medo à população. E, mesmo sem perceber, muita gente desconta parte dessa insegurança na comida.

De acordo com uma pesquisa realizada pela RG Nutri em parceria com a tech.fit, empresa de plataforma digital de self-care do Brasil, a alimentação durante a quarentena piorou em muitas casas no País. O questionário mostrou que não houve motivação para a maioria das pessoas planejar suas refeições de maneira mais saudável. Assim, 43% dos entrevistados sinalizou que a alimentação durante a quarentena ficou pior ou muito pior em relação ao que era antes.

Leia também: Alimentos que podem acalmar e aliviar a ansiedade

Nesta entrevista ao JORNAL DA CIDADE, a nutricionista comportamental e esportiva Ruth Egg, explica com detalhes como tem sido a relação das pessoas com a alimentação.

Por que, em sua opinião, quando algo sai do controle, as pessoas descontam na comida?

Isso acontece porque a forma como enxergamos o alimento, na maioria dos casos, é totalmente distorcida e complexa. Nós aprendemos desde pequenos que a comida é quase uma “inimiga”. O sentimento de culpa, após comer algo “fora da dieta”, é senso comum de grande parte da sociedade. Por seguirmos novas dietas que surgem todos os dias, dividimos os alimentos como os saudáveis e não saudáveis, piorando a nossa relação com o alimento. E por sempre vivermos nessa briga, quando algo sai do controle, como forma de compensação, descontamos todos os nossos medos e frustrações na maneira como nos alimentamos.

E como mudamos essa relação?

Por ser algo enraizado na cabeça de muita gente desde a infância, o processo de mudança não é do dia para a noite. O que eu digo para meus pacientes é que precisamos entender aspectos fisiológicos, emocionais e sociais da alimentação. Ela não é e nem pode ser considerada uma recompensa.

O objetivo inicial não é perder peso, mas melhorar a nossa relação com a comida para que possamos entender os sinais que o nosso corpo está nos dando e quais são as suas necessidades, fazendo as escolhas certas nos momentos corretos. Não estou dizendo que, se uma pessoa tiver “desejo” de comer chocolate o dia inteiro, ela tem de fazer porque seu corpo está dando sinais.  Pelo contrário.

Leia também: Nespresso tem ações para proteger trabalhadores durante a colheita

No caso, se colocarmos o período de pandemia em que estamos vivendo, temos de pensar de forma consciente, ofertando ao nosso corpo nutrientes e vitaminas para que ele funcione bem e seja um grande aliado à nossa saúde física e mental.

Uma rotina de horários estabelecidos para as atividades do dia a dia consegue driblar parte da ansiedade. Se eu oferto para o meu corpo o que ele precisa no momento certo e, após o almoço, eu tiver vontade de comer um chocolate, eu posso. Não há problema nenhum nisso. Mas não preciso comer uma barra, correto? Afinal, meu corpo já estava alimentado anteriormente. Assim, um quadradinho só é o suficiente para me satisfazer.

Durante a quarentena, como entender o que é sinal do corpo e como diferenciar a fome física da fome emocional?

O momento atual não é para pensar em emagrecer, em dietas restritivas. Estamos vivendo algo único e muito diferente de qualquer coisa que já havíamos presenciado antes. Logo, pensar em transformar a alimentação para obter a sonhada barriga chapada e um corpo esbelto está fora do contexto. Precisamos de comida de verdade para termos saúde, imunidade e enfrentar essa crise sem prejuízos em nosso corpo físico.

Uma forma de descobrirmos qual tipo de fome nós estamos sentindo é prestar atenção em alguns detalhes. A fome física cresce progressivamente. Já a emocional aparece de repente e gera vontade de comer alimentos muito específicos, como frituras ou doces.

Leia também: Dia do Atletismo, dicas para melhorar o desempenho

Quando nós estamos com fome física, ela encerra assim que alimentamos. Já a emocional não. Ao invés de um pedaço de bolo, somos capazes de comer a metade de uma travessa. E normalmente vem seguida de sentimentos de culpa e vergonha.

O exercício parece complicado, mas ao mesmo tempo simples: mais amor próprio e atenção àquilo que você precisa e quer a ponto de não fazer com que uma saborosa refeição, ao invés de bem, faça você sentir pior do que se não tivesse sido feita.


Sobre Jornal da Cidade BH:

Portal de notícias de BH e região, com informações sobre eventos empresariais, negócios, economia, política, cobertura social e muito mais.

1 Comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
  • Avatar
    Samuel Sucasas Neto 18 de julho de 2020

    Parabéns a entrevistada q trouxe com muita sabedoria o tema . Com a pandemia tudo tem mudado em nossas vidas. A alimentação pincipalmente. Após ouvir a entrevista mudarei meu hábito alimentar.

Avatar
Deixe um comentário