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BH Minha Cidade: Caiçara, Padre Eustáquio e Carlos Prates

08 de novembro, 2019
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Padre Eustáquio respira religiosidade

História. Beatificado pela Igreja Católica, pároco holandês, que morou em BH, dá nome ao bairro

O bairro Padre Eustáquio tem esse nome em homenagem ao religioso holandês que chegou ao Brasil nos anos 1920 (30 de agosto de 1943). Residiu em outras cidades, mas foi em Belo Horizonte que a obra do beato – ele foi beatificado após a sua morte – ganhou grande visibilidade.

Batizado com o nome de Humberto, Eustáquio van Lieshout SSCC nasceu em 1890 (dia 3 de novembro) na Holanda. Fazia parte de uma família de agricultores católicos holandeses em Aarle-Rixtel na província de Brabante do Norte.

Em 1903, foi matriculado na escola de latim de Gemert e, em 1905, foi transferido para a Congregação dos Sagrados Corações. Em 1913, através da profissão dos votos religiosos, tornou-se oficialmente um membro da congregação. Como irmão, adotou o nome religioso de Eustáquio e assim passou a ser conhecido.

Atendendo um chamado de seu superior, o padre Eustáquio van Lieshout veio como missionário ao Brasil em 1925
No dia 15 de julho de 1925, Padre Eustáquio e seus irmãos de Congregação chegaram em Romaria, no Triângulo Mineiro, onde assumiram a pastoral do santuário episcopal e da paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja e das paróquias de São Miguel de Nova Ponte e Santana de Indianópolis, todas na Arquidiocese de Uberaba.

A Padre Eustáquio coube a função de vigário paroquial com prioridade de serviços de atendimento às comunidades da sede paroquial de Nova Ponte e de todas as suas capelas.

Em 26 de março de 1926, tornou-se reitor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, pároco das três paróquias citadas e da paróquia de Iraí de Minas e assumiu, também, as responsabilidades de conselheiro da Congregação dos Sagrados Corações no Brasil.

Em 7 de abril de 1941, Padre Eustáquio foi transferido para Belo Horizonte. Chegou na capital mineira sem alarde, já que era nacionalmente venerado como santo e taumaturgo.

Mesmo assim, logo nos primeiros dias de sua chegada na capital mineira, muitas pessoas o procuraram pedindo bênçãos e curas, na capela Cristo Rei, no bairro Celeste Império.

Em 9 de setembro de 1942, o então prefeito da capital, Juscelino Kubitscheck, que se considerava beneficiado por milagre conseguido por intercessão do Padre Eustáquio, doou à paróquia um terreno onde foi construída a Igreja dos Sagrados Corações, onde funciona até hoje.

O pároco ficou apenas 1 ano e 4 meses na capital, o suficiente para deixar raízes profundas na espiritualidade do povo belo-horizontino. Mas uma repentina febre alta interrompeu este intenso apostolado e em 30 agosto de 1943 faleceu, vitimado por tifo exantemático ou febre maculosa, também chamada de febre do carrapato. Seus restos mortais estão sepultados na própria igreja.

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Após sua morte, foi atribuída a ele a cura de um câncer de um devoto, constatada clinicamente e comprovada cientificamente. Esse relato consta no processo para sua beatificação, iniciado em 1997. Outros casos de curas e milagres também são relatados por várias pessoas.

A cerimônia de sua beatificação aconteceu ao dia 15 de junho de 2006, durante a 12ª Torcida de Deus, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte, MG.





FOTOS ACERVO IGREJA PADRE EUSTÁQUIO

Aeroporto Carlos Prates forma futuros pilotos

No ar. Local tem vocação para aviação aerodesportiva, de pequeno porte e de helicópteros

O Aeroporto Carlos Prates iniciou suas atividades em janeiro de 1944, a fim de atender ao Aeroclube do Estado de Minas Gerais. Ele foi construído num terreno que fazia parte da fazenda Celeste Império, do Coronel Alípio de Melo.

Naquela época, o secretário de agricultura, Israel Pinheiro, cedeu uma sala da Secretaria de Agricultura, nas dependências da Feira de Amostras, local onde hoje funciona a Estação Rodoviária, para que o aeroclube pudesse funcionar.

Com a inauguração do Aeroporto Carlos Prates, a diretoria do Aeroclube de Minas Gerais fez gestões junto ao poder público para melhorar as condições do Aeroporto da Pampulha, que era uma base militar, ou para que fosse construído um novo aeroporto junto ao Carlos Prates para atender a aviação civil e comercial.

Em 1973, o Aeroporto Carlos Prates passou a ser administrado pela Infraero. A partir de 1995, a entidade intensificou suas ações para a consolidação do aeroporto.

Assim, ele ganhou a vocação para a aviação aerodesportiva, aviação geral de pequeno porte e a aviação de asa rotativa (helicópteros). Além disso, virou um pólo formador de profissionais da aviação.

Hoje estão instaladas e em operação escolas de aviação de asa fixa e rotativa, além do Aeroclube do Estado de Minas Gerais, responsáveis pela formação de profissionais da aviação.





FOTOS ACERVO ACP E SÉRGIO CARNEIRO

Cantinhos verdes

Lazer. Parque do Caiçara recebe córrego da Bacia do Rio das Velhas, enquanto o Maria do Socorro Moreira abriga até pista de skate

A região Noroeste, onde ficam os tradicionais bairros do Caiçara, Padre Eustáquio e Carlos Prates, caracteriza-se por ser uma região com comércio pujante e muitas áreas residenciais.

Mas há alguns “cantinhos” onde a população consegue ter um contato mais próximo com a Natureza e relembrar de uma Belo Horizonte verde que já não existe mais.

Também estão entre as poucas áreas de lazer para os bairros.

Um deles é o Parque Ecológico e de Lazer do Bairro Caiçara, também conhecido como “Parquinho”. Ele ocupa uma área de 11.500m2, originária da Fazenda Engenho Nogueira. Sua implantação, em 1996, contou com participação ativa da comunidade, por meio do Programa Parque Preservado.

Pelo parque passa o córrego Cascatinha, afluente do córrego Engenho Nogueira, da bacia do Rio das Velhas e do Rio São Francisco. Sua área é protegida por uma vegetação de Mata Ciliar com espécies nativas como açoita-cavalo, cedro, ingá, jequitibá e louro pardo. A fauna é composta por aves como bico-de-lacre, pica-pau, rolinha e sabiá, e pequenos mamíferos como micos e gambás.

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Como opções de lazer, o Parque do Bairro Caiçara oferece quadra poliesportiva, campo de futebol, equipamentos de ginástica e brinquedos, além de recantos para convivência e contemplação.

Existe na região ainda o Parque Maria do Socorro Moreira, implantado em 2000, numa área de aproximadamente 97.600 m2, cedida pela Infraero. Por isso, é também conhecido como Parque do Aeroporto Carlos Prates.

O local possui declividade variada, não existindo nascentes ou cursos d’àgua. A vegetação predominante é de gramíneas e algumas espécies ornamentais.

Como opções de lazer, o parque oferece pista de skate, campo de futebol, quadras e teatro de arena.





FOTOS DIVULGAÇÃO JC/PBH

Gastronomia raiz

Na mesa. De botecos e restaurantes regionais, Caiçara tem opções variadas para quem é bom de garfo

A gastronomia é um dos pontos de destaque do Caiçara, sejam botecos com petiscos incríveis ou restaurantes com pratos mais trabalhados. Neste quesito, os moradores do bairro não têm o que reclamar.

Uma das opções gostosas é o Restaurante Engenho Dedé, que completou um ano em outubro. Ele pertence a um grupo de Norte e Nordeste do País, com casas em Manaus, Belém e Fortaleza. Mas fincou pé em Belo Horizonte e seus donos até planejam em abrir uma outra unidade na capital, provavelmente na Zona Sul.

Em um ambiente confortável, amplo e decorado com elementos da cultura mineira, o Engenho Dedé abriga espaços como empório, choperia, cachaçaria, varanda, churrasqueira e espaços de lazer para as crianças (a Dedelândia.

Há alternativas no cardápio que vão desde o torresmo e o tropeiro, verdadeiras entidades da gastronomia mineira, até o legítimo bacalhau português, preparado em algumas variações, com um toque do norte do País.

Nesse extenso passeio sensorial, pode-se degustar a legítima carne de sol do Nordeste, o verdadeiro açaí do Pará, os peixes amazônicos, massas, queijos finos e carnes preparadas de maneira muito peculiar, que resultam, por exemplo, no joelho de porco e da picanha.

Dentro da loja, logo na entrada, estão expostos cerca de 300 tipos de cachaças variadas e mais de 30 marcas de cervejas artesanais. O detalhe é que, além das cachaças de qualidade de diversos selos, escolhidas a dedo pelos proprietários da casa e com um fornecedor exclusivo de Minas Gerais, há também bebidas produzidas por parceiros de peso, como a mineira Krug Bier.

Existem bebidas próprias da linha Dedé, como o chope Kzeiro, as cervejas do tipo Dunkel, Weiss e Lager, e cachaças de tipos variados. Destaques para a cachaça Jambucana e a Jambubier, que levam o toque de Jambu amazônico, uma erva usada no preparo da comida regional, de origem indígena, conhecida pelo seu efeito anestésico.

Mas o Caiçara tem seus “butecos raiz”. O Bar da Léia e o Bifão no Prato são neste estilo, mas o mais conhecido é mesmo Bar do Véio, que foi inaugurado em 1986 por Célio Stropp Fantini, hoje com 77 anos, o conhecido Véio.

Natural de Piau, da Zona da Mata mineira, veio para BH atrás de oportunidades. Trabalhou com a família inicialmente no ramo de relojoaria, mas não se adaptou. Comprou um caminhão para fazer carretos. A garagem da casa dele, no Caiçara, onde guardava o caminhão, deu lugar ao bar, aberto inicialmente num espaço reduzido, com duas portas, após a reforma inicial.

O cardápio inicial tinha picanha, espeto de frango com queijo e o peito de frango conhecido como “bomba” (recheado com bacon, presunto e queijo), pelo aspecto redondo, como se fosse mesmo um artefato explosivo.

Aí veio a primeira ampliação do bar, em 1996, com a criação de um salão anexo. O cardápio também ganhou mais opções, com pratos à la carte.

Com o advento do Concurso “Comida di Buteco”, em 2000, o Bar do Véio fez melhorias no salão, como a climatização e nas instalações sanitárias. Essas reformas, renderam premiações no quesito de melhor Higiene, nas edições de 2003/2004/2005 do “Comida di Buteco”.

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E, em 2007, o Bar do Véio acabou campeão geral do “Comida di Buteco” (avaliam petiscos, atendimento, higiene e temperatura da bebida). Os pratos que concorreram no festival passaram a também integrar o cardápio do bar.

Em 2009, foi feita nova ampliação, com a construção de um amplo salão aberto, do lado oposto ao do primeiro salão. Agora, o Bar do Véio tem capacidade para cerca de 100 pessoas.

O bar, atualmente, é gerenciado pelos quatro filhos do Véio – que se mudou para a Jaboticatubas, na Grande BH. São eles o Celinho, Wagner, Marcelo e Fabinho.

 





Entrevista com Zezito





Locutor mais importante do motociclismo nacional declara-se ao Caiçara, onde os vizinhos fazem parte da família

Na certidão de nascimento está escrito José Avelino dos Santos Filho. Só no papel mesmo, porque Zezito é como ele gosta de ser chamado – e é conhecido em todo o Brasil. Locutor mais importante do motociclismo nacional, o também radialista de 74 anos mora há 60 no Caiçara. “Aqui tem de tudo, só não tem mar”, brinca o sempre bem humorado morador ilustre, cujo lema “Nada me aborrece” é algo contagiante.

Começou na profissão por acaso. “Eu andava de moto com uma turma que gostava de acelerar. Certa vez tentei correr de motocross, a convite do presidente da Federação Mineira de Motociclismo, Chiquinho Laender, mas não levava jeito para a coisa”, lembra.

Apesar de não competir, assistia às corridas. Rato de provas de motocross e amigo dos pilotos, certa vez decidiu narrar o nome dos competidores que estavam na pista como prestação de serviço para o público. Não parou mais de narrar. “Acho que fui o primeiro a fazer isso no motociclismo nacional”, acredita Zezito, que hoje é um exemplo e ídolo para os novos locutores que surgem por aí – apesar de ainda estar na ativa.

Locutor de corridas no Brasil e também no exterior e dos principais torneios dos anos 1970 e 1980, como o Hollywood Motocross, Zezito tem outra marca registrada: apelidar os pilotos. Japonês Voador (Eduardo Saçaki), Loirinho Maravilha (Jorge Negretti) e Brazuca (Rodney Smith) são alguns que receberam um segundo nome.
Nesta entrevista ao JORNAL DA CIDADE, Zezito fala de sua relação com o Caiçara. Apesar de viajar muito – coisas da profissão – sempre “o bom filho à casa torna”.

Para sempre estar ao lado de sua família e dos vizinhos queridos.

JORNAL DA CIDADE Como foi sua chegada ao Caiçara?

ZEZITO Embora eu seja mineiro, eu me mudei ainda criança para o Rio de Janeiro, porque meu pai era militar do Exército Brasileiro. Uns dois anos depois que ele faleceu, minha mãe decidiu voltar para Belo Horizonte para a mesma casa onde moro até hoje, na Rua Hematita. Eu tinha uns 14 anos. Mas minha ligação com o Caiçara sempre foi forte mesmo quando eu residia no Rio, porque o fato da minha família morar aqui, vinha todas as férias para BH.

Como era a vida no Caiçara ?

O bairro era pouco habitado e as casas tinham horta e galinheiro. Embora eu estudasse no centro, tinha um colégio ao lado aqui de casa e acabei fazendo amizade com esta turma também. Por isso, conheço quase todo mundo, gente que está aqui há 30, 40 anos. O lema da rua e de parte do bairro é o seguinte: você dá um espirro, alguém traz o remédio; você põe o carro na rua para lavar, vem alguém ajudar; você abre uma cerveja, vira logo uma festa. É como se fossemos todos da mesma família.

Na sua infância e adolescência, qual era a diversão?

Era tudo na rua. A gente jogava Finca, Bente Altas, e soltava pipa até 19h. Não podia passar desta hora senão ficava de castigo. Lembro também do Seu João, um, ex-combatente, que tinha um caminhão e todos os domingos ele enchia a caçamba de crianças para levar à missa na Rua Padre Eustáquio. Naquela época ninguém pensava que isso poderia ser perigoso. Certa vez, em um fim de semana, ele levou a gente para passear onde hoje fica o BH Shopping para catar gabiroba. Começou a ventar e chover e todos tivemos que sair correndo para entrar na caçamba novamente para voltar ao Caiçara. Era uma longa viagem (risos). Também assistíamos a partidas de futebol no campos de várzea, que ficavam lotado. Até a PM tinha que fazer policiamento por causa da quantidade de pessoas. A gente também frequentava o Vasco, um clube que existia aqui – o outro era o Santanense. Dois dos meus irmãos (são sete lá em casa), que hoje beiram os 80 anos, eram convidados para fazer apresentação de rock` n roll. E, claro, eu e uma outra irmã minha íamos também para dançar.

Então o Caiçara ainda preserva os ares de interior?

Todo mundo se conhece e quer o bem do vizinho mais próximo. Sempre procurei ser solícito e amável com todos. Gosto de ajudar uma pessoa mais velha a atravessar a rua ou a levar suas compras do supermercado para a casa dela. Certa vez fiz a assinatura durante seis meses de jornais de BH, Rio e São Paulo para um grupo de aposentados que marcavam ponto todos os dias no mesmo lugar, próximo a um dormente de linha de trem. Eles nunca souberam quem fazia aquela cortesia.

Você acha o Caiçara um bairro completo? O que falta na sua opinião?

Só não tem praia (risos). Tem de tudo que gostamos por aqui e para todos os gostos. A 100 metros da minha casa tem igreja evangélica, culto de testemunhas de Jeová, centro espírita e terreiro de candomblé. É um bairro ecumênico. Além dos supermercados e sacolões. Só no quarteirão da Rua Hematita existem quatro barbearias e três bares.


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2 Comentários

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    Walter Eustáquio de Oliveira 3 de agosto de 2020

    Minas não é banhado pelo mar,Mais o mar é banhado por minas.
    Salve o Rio são Francisco.

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    Frete RJ 19 de novembro de 2019

    Show, bem explicado.

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