Savassi. Um dos bairros mais charmosos e ecléticos de Belo Horizonte tem potencial para se transformar em distrito criativo
“Estabelecimento modelo, montado com todos os requisitos de higiene, luxo e bom gosto, com um serviço perfeito e aprimorado de padaria – confeitaria – leiteria e sorveteria, tornou-se de início o centro elegante e o ponto obrigatório de reunião das distintas famílias do bairro dos Funcionários.”
Nas palavras do repórter da Revista Belo Horizonte, publicada em abril de 1940, foi assim que nasceu a Padaria Savassi. Mal sabia ele que, algum tempo depois, o requintado estabelecimento construído por Hugo Savassi daria nome a todo um bairro da nova capital. Tudo graças à turma de jovens que se reunia ali para atividades nem sempre tão distintas.
Conforme conta o jornalista Jorge Fernando dos Santos, o grupo era festeiro e aprontava bastante. Tanto que passou a ser reconhecido por onde passava por suas peripécias. Como o point dos garotos era a nova padaria, deu-se a eles o nome “Turma da Savassi”. Daí para batizar informalmente toda a região foi um pulo.
Pode-se dizer que a ocupação da Savassi é tão antiga quando a do Centro da cidade. Isso porque a região está localizada dentro da zona urbana prevista no projeto de construção da nova capital, dentro dos limites da Avenida do Contorno.
Segundo o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi – Amas, Nelson Galizzi, “quando foi fundada a capital, fizeram as secretarias junto com o Palácio na Praça da Liberdade e, aqui na Savassi, foram construídas as casas dos funcionários.”
Como se sabe, até pouco tempo atrás a Savassi não era bairro. Toda a área fazia parte do Funcionários. A Região da Savassi – nome adotado pela Prefeitura de Belo Horizonte – nasceu em 1991, quando o então prefeito da capital, Eduardo Azeredo, sancionou a Lei 5.872/1991.
Segundo o documento, a área é delimitada da seguinte maneira: “começa na Praça Tiradentes, formada pela confluência da Av. Brasil com Av. Afonso Pena, segue a Av. Brasil até a Praça da Liberdade incluindo toda esta praça, sobe pela Rua da Bahia até a Av. do Contorno, desta até a esquina de Av. do Contorno com Av. Afonso Pena, na Praça Milton Campos. Da Praça Milton Campos segue pela Av. Afonso Pena, por esta até a esquina com Av. Brasil, voltando ao ponto inicial.”
Depois, em 2009, a Lei 9.691/2009, sancionada pelo então prefeito Márcio Lacerda, elevou a antiga região ao status de bairro. “Fez-se jus ao modo como todo mundo já se referia a ela. Afinal, são os moradores que determinam a direção”, acredita Nelson.
Na Savassi, tem espaço para todos: desde os hippies que vendem sua arte pelas praças, passando pelos jovens que frequentam as baladas até altas horas da madrugada, até os idosos que passeiam pelos quarteirões fechados. “A Savassi é um lugar muito plural, tem sempre muita coisa acontecendo”, conta Galizzi.
Por isso, seus planos para o bairro são ambiciosos. “Queremos que a Savassi seja um parque-escola de criatividade e qualidade de vida. A gente tem oportunidade muitas vezes de viajar para fora do País, ou para regiões melhores dentro do Brasil. Mas nem todo mundo tem essa oportunidade. Por isso, queremos ter dentro de BH um ambiente bem organizado, onde haja cultura, educação, arte e diversão”, revela.
E esse desejo se traduz em dois projetos: o Via Albuquerque e a Savassi Criativa. O primeiro foi pensado por Nelson Galizzi em 2004, tendo como inspiração ruas que viraram referência nas cidades, como a Oscar Freire, em São Paulo. O segundo nasceu dez anos depois, baseado nos conceitos da Economia Criativa, enfatizando o propósito de criar um ambiente fértil para o desenvolvimento humano e econômico.
“Toda cidade tem aquele ponto que é interessante. Por isso, queremos fazer da Savassi o distrito criativo de Belo Horizonte. Queremos valorizar o passado, desenvolvendo essa inovação no presente para atingir um futuro de qualidade de vida”, conta Nelson.
E não teria lugar melhor para colocar esses projetos em prática: “A Savassi é a vitrine dos mineiros. Queremos otimizar essa vitrine para, depois, outras áreas fazerem da mesma forma” finaliza Galizzi.
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