Saúde. Pesquisa recente realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), constatou que, durante a quarentena, 41% das pessoas que não tinham dor na coluna, passaram a sofrer desse mal. Outros dados revelaram também que 50% das pessoas que tinham dor crônica na coluna pioraram durante o isolamento social e o trabalho em home office.
Os motivos são vários: tempo demais gasto em frente às telas, trabalho sem a ergonomia correta, falta ou diminuição das atividades físicas, mudanças nas tarefas no dia a dia e estresse. Mas o que muita gente não leva em consideração, e que tem relação direta com a incidência de dores nas costas, é sono.
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Segundo a médica otorrinolaringologista especializada em sono, Mariana Maia, diversos estudos mostram que a duração do sono aumentou na quarentena, mas a percepção das pessoas sobre a qualidade do seu sono diminuiu.
E, de acordo com o médico ortopedista que atua com foco em coluna vertebral, Daniel Oliveira, é no momento que dormimos que somos capaz de regular o metabolismo e realizar inúmeras funções para que acordemos mais dispostos no dia seguinte. “O sono é responsável por manter nosso equilíbrio físico, mental e psíquico, e é um dos grandes responsáveis por melhorar nosso humor. Quando não dormimos bem, as alterações nos níveis hormonais relacionados ao estresse aumentam a percepção de dor e acabam piorando a dor nas costas”, explica.
Oliveira explica que isso vira um círculo vicioso, pois, quanto mais estresse, maior a percepção de dor, e quanto maior a percepção de dor, maior o estresse. “Se temos noites mal dormidas e insônia, a qualidade do nosso sono é prejudicada. Isso gera mais estresse, ansiedade e cansaço, e isso tudo leva a um aumento na sensação dolorosa nas costas”, afirma.
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Outro aspecto que influencia muito na dor nas costas referente ao sono é a posição em que dormimos. Segundo Daniel, ao dormir, nós relaxamos toda a nossa musculatura e, muitas vezes, assumimos posições que machucam nossas articulações e músculos. “Dormir de uma forma correta é fundamental. A posição recomendada é de lado, com um travesseiro entre as pernas e outro no pescoço, ou de barriga para cima com um pequeno travesseiro debaixo do joelho de forma que tanto nosso quadril quanto os joelhos fiquem semifletidos. Aqueles que gostam de dormir de barriga para baixo devem repensar o costume”, acrescenta.
Já a médica otorrinolaringologista dá outras dicas para aqueles que desejam melhorar a noite de sono. “Aumentar a exposição a luz natural durante o dia, evitar bebidas com cafeína e bebidas alcoólicas antes de dormir, evitar cigarro, manter a alimentação em horários regulares e refeições leves à noite, evitar “telas” pelo menos uma hora antes de dormir, evitar cochilos durante o dia e manter o ambiente do quarto um local agradável para o repouso. Também é muito importante criar uma rotina relaxante para o horário de dormir e possibilitar a quantidade de sono adequada todos os dias”, observa.
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Daniel Oliveira fala também sobre a importância da prática de atividades regulares. “Mesmo com o isolamento social e as restrições para a prática de exercícios em lugares fechados, é muito importante não deixá-la de lado”, destaca.
Além de melhorar o sono, fazendo com que consigamos dormir mais rápido, de forma relaxada e melhor, o exercício físico de diminui o estresse e a ansiedade, segundo o médico. “Quando colocamos nosso corpo em movimento, acontece a homeostase, que é uma espécie de estabilidade que o organismo precisa para realizar as funções de forma equilibrada. Praticando atividades físicas, cansamos o corpo e o sono vem de forma natural à noite”, garante.
Se, mesmo com a qualidade do sono melhorada, as dores nas costas permanecerem, ao invés do uso de analgésicos e relaxantes musculares, o ideal, conforme explica o ortopedista, é procurar um profissional de saúde qualificado para descobrir a origem do problema.
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