Jornal da Cidade BH | Notícia boa também dá audiência!

Eu erro, tu erras, mães erram

06 de dezembro, 2018
Texto: Viviane Possato | [email protected]
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Amor de mãe. O Natal de 2007 mudou minha vida. Mais precisamente, o pós-Natal de 2007. Foi na noite do dia 26 que a minha bolsa estourou

Saímos correndo pra maternidade e na madrugada do dia 27 de dezembro meus filhos nasceram. De lá pra cá, meu fim de ano ganhou uma festa a mais. Vem o Natal e, logo depois, a celebração dos gêmeos.

E o nascimento deles trouxe um desafio a mais pra minha vida: como ter convidados numa festa de aniversário dois dias depois do Natal e quatro dias antes do réveillon? Já tentei de tudo. Antecipei os parabéns para o início de dezembro, atrasei pra janeiro, arrisquei a data original… Nenhuma das alternativas deu muito certo. Quando eles completaram 7 anos tentei um formato diferente: piquenique com os amigos da escola.

Eu sempre gostei de organizar os aniversários dos meus filhos. Quero criar neles a memória afetiva que tenho. Minhas lembranças são tão doces! Guardo no coração cada imagem dos preparativos: minha mãe na cozinha fazendo o bolo, minhas tias enrolando os doces, a montagem da mesa com ajuda das vizinhas e eu espiando tudo cheia de expectativa. Gosto de fazer girar essa roda de afeto.

Então, lá fui eu colocar a mão na massa. Foi uma longa semana de afazeres: doces, cestas de palha enfeitadas, lembrancinhas cuidadosamente preparadas com o tema que os gêmeos escolheram para a festa. Tudo combinava. As cores dos balões, as toalhas de piquenique, copos, pratos, talheres! O azul e o amarelo tomaram conta da casa.

Naquele ano, Enzo e Francisco foram passar a semana de Natal na casa do pai deles e chegariam no dia da festa. Deixei tudo pronto pra ser uma surpresa! E foi. Quando eles se depararam com a festa montada, houve silêncio e sorrisos amarelos. “Gostaram, filhos?” “Mamãe, gostamos. Mas o desenho não era esse…”. Sim, eu errei o tema da festa de aniversário dos meus filhos. Errei o desenho, as cores!

Tive uma crise de risos, seguida de um choro compulsivo. Havia sido uma semana difícil pra mim. Sou jornalista e fiz plantão naquele Natal. Uma semana inteira trabalhando 12 horas por dia e ainda com uma festa infantil pra organizar. Estava esgotada e só conseguia pensar: que tipo de mãe erra o tema da festa de aniversário dos filhos?

Levei alguns minutos pra me refazer. Não tentei me justificar. Apenas pedi perdão. Eles sorriram me fazendo lembrar que eu já acertei tantas outras vezes! Meus filhos não exigiram uma solução, não me pediram pra refazer nada, não ficaram com cara fechada, não choraram. Festejaram os sete anos com a alegria de sempre. Como se tivessem tido a festa que sonharam. Quando eles sopraram as velinhas, eu agradeci a Deus pelos filhos que tenho.

A vida se faz e se refaz nos erros e acertos. Somos impecavelmente imperfeitos. Sonhamos colorido, mas nem sempre o caminho tem as cores que desejamos. Aos sete anos, meus filhos me ensinaram que todas as cores podem ser belas, inclusive as azuis e amarelas. Os temas? Ah, eles são tantos! Que em 2019 saibamos escrever belas histórias com os temas que a vida nos oferece.