Entrevista. “Serei determinado na busca da expansão da economia, em todas as regiões do Estado”
1) Qual a proposta do senhor para reduzir o déficit orçamentário e em quanto tempo é possível zerá-lo?
As minhas duas diretrizes para reduzir o déficit orçamentário do estado são ajustar as contas, ou seja, não gastar mais do que arrecadamos, e fomentar o desenvolvimento econômico de forma determinada, com planejamento, criatividade e inovação. Sem crescimento econômico não há dinheiro para a gente colocar as contas do Estado em dia e fazer investimentos na área social.
Nós vamos herdar uma dívida de aproximadamente R$ 30 bilhões em 2019. Para pagar isso todos sabem que precisaremos fazer um grande ajuste. Tomar uma série de medidas para reduzir o tamanho do Estado. Vou citar uma delas que eu adotei na Assembleia Legislativa: hoje, todos os diretores da Assembleia são servidores da casa, são servidores concursados.
No meu governo, onde houver um cargo de confiança nós vamos dar prioridade para que sejam ocupados pelos servidores de carreira. Isso será uma enorme economia de dinheiro e também um incentivo aos servidores concursados. Em menos de dois anos, eu vou arrumar as contas. Vou colocar todos os pagamentos do Governo do Estado em dia, em especial o pagamento dos servidores.
Outra medida é ter um acerto de contas com o Governo Federal. Minas deve hoje ao Governo Federal R$ 100 bilhões. E o Governo Federal deve a Minas R$ 140 bilhões, ou seja, temos um crédito de R$ 40 bilhões. Vai ser fácil receber? Não. Mas a primeira coisa para receber é ter diálogo.
Chegar em Brasília com disposição para negociar, o que hoje não acontece. O Governo Federal e o Governo de Minas sequer conversam. Eu já disse que seja qual for o Presidente da República o Governador de Minas tem que estar acima das siglas partidárias. Quem estiver sentado na cadeira de Presidente vai ter que respeitar Minas.
2) A Previdência estadual fechou o ano de 2017 com um rombo de R$ 16,4 bilhões. Existe algum projeto para que algo possa ser feito, sem ter que depender de medidas do Governo Federal?
Durante o mandato de Itamar Franco como governador foi implantado um modelo que saneou as contas previdenciárias em Minas, conquista essa que foi perdida no governo Anastasia e teve sua crise ainda mais aprofundada nos últimos quatro anos do governo Fernando Pimentel.
Uma das primeiras ações neste aspecto será fazer um amplo ajuste fiscal com a criação de um Fundo Previdenciário destinado a equilibrar as contas. Irei manter as conquistas acumuladas pelas últimas administrações sem esse preconceito de não realizar programas criados por este ou aquele partido.
3) Uma das grandes reclamações do setor produtivo é a carga tributária. O senhor pretende reduzir alíquotas de ICMS?
O termo correto seria ajustar as alíquotas do ICMS, que hoje são distribuídas de forma tosca e sem nenhum parâmetro de competitividade e produtividade das empresas e indústrias. Uma das minhas propostas é rever com urgência a matriz tributária mineira propondo, já no primeiro ano de mandato, a redução de desequilíbrios em todos os setores produtivos comparado Minas às unidades mais competitivas da federação.
Ao mesmo tempo, pretendo rever todos os subsídios e incentivos hoje concedidos para identificar quais são os setores que estão sendo beneficiados e a sua real geração de resultados econômicos para Minas Gerais.
4) Neste espectro, a gasolina poderia ter redução de ICMS?
Claro que sim. O ICMS sobre a gasolina em Minas Gerais é um dos maiores do país. Uma das premissas para o fomento do desenvolvimento econômico em nosso estado é melhorar as condições de infraestrutura mínimas necessárias para a produção e escoamento dos nossos produtos.
Dado que a maioria das mercadorias que produzimos são transportadas por caminhões, como poderíamos seguir tendo um dos impostos sobre o combustível mais altos do País? É claro que os cálculos devem ser feitos e o imposto deve ser reduzido de forma gradativa, mas sem dúvida não podemos pagar as contas do estado às custas de quem depende do transporte para viver.
5) Cite três medidas práticas que poderiam reduzir os níveis de criminalidade no Estado.
Este é um assunto que eu tenho grande experiência. Comecei na minha vida pública na chefia de gabinete da Secretaria de Secretaria de Segurança Pública a convite do então governador Itamar Franco. Na época a Polícia de Minas Gerais era considerada a melhor do Brasil. E hoje ainda a considero a melhor do Brasil.
Existe muita proposta de outros candidatos falando em tecnologia, em integração com o governo federal, enfim, aspectos que eu entendo que são importantes. Mas a primeira coisa que devemos fazer para melhorar a segurança de imediato é dar melhor estrutura para as polícias civil e militar. O último mapa da violência divulgado mostrou que em Minas Gerais acontecem todo ano quase 5 mil assassinatos.
Para evitar essa carnificina, que é maior do que muitas guerras que acontecem pelo mundo afora, temos que dar melhores condições de trabalho para as nossas polícias. Hoje, está faltando gasolina para a polícia militar fazer os deslocamentos. Está faltando bala no revólver. Faltam viaturas. A Polícia Civil está sucateada. Faltam delegados. Às vezes o cidadão tem que percorrer mais de 100 quilômetros até outra cidade para fazer um simples Boletim de Ocorrência. E nós não vamos deixar o crime organizado invadir Minas.
Essas facções do crime organizado que estão invadindo outros estados não terão vez aqui em Minas. Seremos implacáveis com o crime.
6) Hospitais estaduais reclamam da falta de estrutura financeira. Como fazer para que a saúde mineira atenda com melhor qualidade a um número maior de mineiros?
Temos várias medidas urgentes na saúde. Regularizar os repasses para os municípios. Quitar as dívidas com os hospitais. Concluir os hospitais regionais que o PSDB e o PT não conseguiram colocar para funcionar. Mas nós temos uma proposta bem concreta. Vamos fazer o Mais Médicos de Minas Gerais. Isso mesmo.
O Mais Médicos foi uma ideia bem-sucedida no Brasil. Atende a mais de 60 milhões de brasileiros em mais de quatro mil municípios. Vamos fazer um programa igual em Minas Gerais, com o Estado ajudando os municípios a colocarem médicos nos centros de saúde. O principal problema da saúde hoje é a falta de atendimento nos centros de saúde. E através deste programa podemos contratar médicos para colocá-los à disposição dos municípios.
Vamos fazer o Mais Médicos Minas e não será contratando médicos cubanos. Vamos contratar médicos daqui mesmo. Dos estados vizinhos. Do Espírito Santo, da Bahia, do Rio de Janeiro, de Goiás. Vamos fazer esse programa para atrair Médicos para o nosso Estado e resolver o problema da população no atendimento primário.
Isso é perfeitamente possível como foi possível no Brasil. A grande vantagem da nossa candidatura é que nós não temos vergonha nem preconceito para assumir uma boa ideia que foi de outro partido. Não interessa se é de partido A ou B. Se for boa para Minas, nós vamos adotá-la.
7) Quais as propostas do senhor para melhorar a qualidade das escolas estaduais e valorizar os professores?
Em primeiro lugar temos que melhorar a remuneração e condições de trabalho dos professores. Eles não são somente responsáveis pelo aprendizado teórico das nossas crianças, eles são os verdadeiros responsáveis pela formação da cidadania das gerações futuras, e também pelo futuro da segurança pública do nosso estado.
Esta é uma prioridade que vem sendo negligenciada há anos em nosso País. Na minha gestão na Assembleia aprovamos o Piso Nacional dos Professores. Uma promessa que o governo Anastasia não cumpriu e o Governo Pimentel também não cumpriu. Nós vamos cumprir. Será prioridade. Outra proposta é fazer parceria com a iniciativa privada para a construção de creches e escolas infantis nos municípios. Essa é uma proposta que já foi adotada em Belo Horizonte pelo ex-prefeito Marcio Lacerda, que está nos apoiando, e que vamos adotar no Estado.
E vamos também focar o Ensino Médio 100% para o Ensino profissionalizante. Não faz sentido o aluno ficar decorando tabela periódica se ele não vai usar aquilo o resto da vida. Nosso Ensino Médio terá como função prioritária preparar o aluno para o emprego, para entrar no mercado de trabalho.
8) Se o senhor for eleito, qual a Minas Gerais que os eleitores podem vislumbrar em quatro anos?
Meu maior compromisso é em devolver a Minas Gerais e aos mineiros a dignidade e respeito que merecem. Colocar as contas em dia, pagar e valorizar os servidores, deixar o empresário trabalhar para gerar emprego e renda para a população. Eu vou ser parceiro do empreendedor e do investidor. Serão meus maiores aliados.
Vou diagnosticar as demandas e potenciais de cada uma das 66 microrregiões de Minas Gerais, e na minha gestão cada uma delas ganhará um planejamento estratégico de médio e longo prazo, com metas e resultados mensuráveis, reais. Um estado como o nosso não pode mais viver de improvisos, de ações à toque de caixa, de apagar incêndio o tempo todo. Nós somos do tamanho da França, e temos potencial para alavancar não somente a nossa própria economia, mas também a economia brasileira.
9) Considerações Finais.
É sabido que se o próximo governador não colocar as contas do estado em dia iremos ao colapso. Como governador serei determinado na busca da expansão da economia, em todas as regiões do Estado, tendo a Responsabilidade Fiscal como premissa e prioridade acima de qualquer outra. A única forma de “arrumar a casa” é reduzindo despesas e aumentando receitas.
Não é uma tarefa simples. Teremos que reerguer um estado com características de pós-guerra. O povo mineiro precisa saber a verdade. A reconstrução de Minas Gerais não será e não pode ser tarefa de um Governador isolado em seu gabinete. O Estado precisa que todos os mineiros se unam em torno de um objetivo maior, que é recuperar a grandeza de Minas acima das disputas partidárias e polarizações que nos trouxeram para este buraco.
Tenho certeza que é possível e que a união dos mineiros será capaz de transformar a realidade que vivemos hoje através de uma gestão comprometida, austera, séria e com planejamento. Coloco meu nome e a minha história à disposição dos mineiros para oferecer minha contribuição e ao lado de vocês trabalhar para reerguer o nosso Estado.
Foto: Ricardo Barbosa/ALMG
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